MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 31 de agosto de 2014

Ouro Preto ostenta riqueza que vem da cultura e do minério


Raul Mariano - Hoje em Dia


Samuel Costa/Hoje em Dia
mineração
A Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais atingiu R$ 26,7 milhões em 2013

A mineração está tão enraizada na história de Ouro Preto, que é responsável pelo próprio nome do município. Isso porque as pepitas de ouro encontradas na região durante o século XVII sempre vinham incrustadas de minério de ferro e davam ao metal precioso uma aparência escura, bastante peculiar. Foi esse o motivo para o batismo da cidade que, 314 anos depois de ser fundada, continua oferecendo matéria- prima para a atividade minerária.

Hoje, o ouro só existe na lembrança dos moradores mais antigos, mas o minério, pelo contrário, ainda é farto. Há 19 empresas trabalhando diretamente com extração mineral na cidade. Juntas, elas são responsáveis por quase 90% de tudo que é arrecadado pelos cofres públicos, de acordo informações da prefeitura municipal.

“Essa indústria está concentrada em distritos mais distantes da sede. O de Miguel Burnier, que fica às margens da BR 0-40, concentra mais de 50% da arrecadação da cidade, e o distrito de Antônio Pereira tem a segunda maior arrecadação de Ouro Preto”, comenta Adriano Jardim, secretário Municipal de Fazenda.

Tamanha atividade fez com que o Produto Interno Bruto (PIB) do município crescesse 193% entre 2005 e 2011, chegando a R$ 5,1 bilhões. Além disso, a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem), atingiu a marca de R$ 26,7 milhões em 2013. Uma expansão de mais de 10% em relação ao ano anterior.

“Devido à Cfem, a prefeitura está tendo a possibilidade de reduzir significativamente o índice de acidentes com deslizamentos de terra”, comenta Jardim.

“Com o recurso foi possível subsidiar o Instituto Geotécnico que, por meio de aparelhos modernos instalados nas áreas de risco, identifica movimentações do solo e prevê os acidentes que podem vir a acontecer”, explica o secretário.

Terra promissora

Em atividade na cidade desde 1977, a mineradora Samarco produziu, somente em 2013, cerca de 22,3 milhões de toneladas de minério de ferro, o que gerou um faturamento de R$ 7,24 bilhões.

A empresa concluiu, no primeiro semestre do ano, R$ 6,4 bilhões num projeto de expansão que aumentou a capacidade produtiva em 37%, elevando a produção para 30,5 milhões de toneladas de pelotas de minério de ferro por ano.

Segundo informações da mineradora, R$ 1,3 bilhão foi investido para a construção de um terceiro concentrador, com capacidade de 9,5 milhões de toneladas ao ano. Obras que geraram, aproximadamente, 6.100 empregos na região.

A tendência é que a atividade continue fomentando a economia local, já que s expectativa da Samarco é prolongar o trabalho por, pelo menos, mais 40 anos nas unidades Alegria e Germano, situadas na divisa de Ouro Preto e Mariana.

Comércio se beneficia do fluxo de funcionários

Dados do Relatório Anual de Informação Social do Ministério do Trabalho e Emprego (RAIS) revelam que, entre 2002 e 2012, Ouro Preto passou de 12.118 empregos formais para 21.325, um crescimento de 76% no período. Na indústria extrativa mineral, em especial, o aumento foi de 112% no estoque de vagas na cidade. Além disso, o grau de formalização do trabalho também melhorou, subindo 40,2% para 56,8%

A cenário positivo dos índices de empregabilidade refletiu positivamente no comércio local, que além de ser mantido pela forte movimentação turística da cidade, passou a se beneficiar, também, da chegada de novos profissionais ligados às empresas mineradoras.

“A mineração gerou empregos direta e indiretamente para Ouro Preto. Essa oferta de trabalho permitiu que as pessoas da cidade ficassem aqui e não fossem embora e isso fez com que mais dinheiro fosse gasto dentro do município”, analisa o proprietário do restaurante Quinto do Ouro, Clodoaldo da Cruz. “Temos, inclusive, parceria com as empresas mineradoras que se tornaram clientes fiéis do restaurante”, destaca o empresário.

Até mesmo os produtos e serviços utilizados nas áreas de atuação da Samarco para a expansão foram adquiridos na cidade. A mineradora estima que R$ 26,18 milhões, ou pouco mais de 25% do total, foram aplicados no comércio da cidade, sobretudo nos setores de metal mecânica, de consultorias técnicas e no segmento do comércio e dos serviços.

Para a empresária do ramo de joias, Ana Maria Sanches, que há mais de 20 anos tem sua loja na rua Direita, uma das mais pujantes do comércio da cidade, os clientes trazidos pelas mineradoras são cada vez mais comuns dentro do município.

“Muitos engenheiros e executivos do ramo da mineração já compraram joias comigo, principalmente para presentearem suas esposas”, conta Ana Maria. “Estamos recebemos diversos clientes estrangeiros ligados a essa área, principalmente no último ano. A maioria vem da europa”, completa.

Os Impostos sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), também apontam o quanto o município tem se beneficiado de toda a cadeia impulsionada pela atividade mineradora. Em 2012, esses recolhimentos chegaram a R$ 42,2 milhões. Um valor 71% maior do que o arrecadado no ano anterior.

Ouro Preto ocupa, atualmente, o quinto lugar no Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS), que envolve os 853 municípios do Estado. Entre as cidades mineradores, o município possui um dos melhores índices nos quesitos cultura e renda.

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