MEDIÇÃO DE TERRA

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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Sindicato diz que 51 pacientes podem morrer por falta de remédio no DF


Internados ocupam leitos de UTI no Hospital de Base, que tem 60 vagas.
Secretaria diz que rede será reabastecida em breve e nega desassistência.

Raquel Morais Do G1 DF
De acordo com médicos do Hospital de Base, cirurgias agendadas para esta segunda-feira estão suspensas por falta de infraestrutura (Foto: Natalia Godoy/G1)Fachada do Hospital de Base de Brasília
(Foto: Natalia Godoy/G1)
Cinquenta e um pacientes internados na UTI do Hospital de Base, maior unidade da rede pública de Brasília, correm risco de morrer por falta de medicamentos, de acordo com o Sindicato dos Médicos. Parte deles já teria deixado de receber os remédios adequados – como antibióticos e corticoides – na madrugada desta quarta-feira (31). A Secretaria de Saúde informou ao G1 que os R$ 100 mil repassados em novembro para a compra dos insumos de maior urgência deverão garantir o reabastecimento do estoque nos próximos dias.
O vice-presidente do sindicato, Carlos Fernando da Silva, disse lamentar a situação. “Pelas informações que obtivemos, a situação no Hospital de Base é extrema. Há vidas em risco e o pessoal da UTI está pedindo socorro. Nem no início da atual gestão vimos situação tão dramática."
Entre os medicamentos em falta estarão antibióticos como imipenem, vancomicina, amicacina, teicoplanina, linezolida, daptomicina e ertapenem. Corticoides injetáveis, sedativos e até dipirona também não constam no estoque.
Em nota, a secretaria disse que "muitos" processos de compra já foram finalizados e que agora aguarda a entrega dos produtos. Além disso, afirmou que todos os pacientes da unidade estão sendo assistidos e que ninguém deixou de ser medicado, porque os remédios têm substitutos. No total, o Hospital de Base tem 60 leitos de UTI em funcionamento e dez fechados por falta de profissionais.

Com o sogro internado no hospital desde o dia 22, a professora Stefanne de Sousa conta que a família tem vivido uma saga todos os dias para garantir o tratamento adequado. O homem sofreu uma fratura na costela e teve perfuração dos dois pulmões após um acidente de carro e agora precisa da ajuda de aparelhos para respirar.
Além de sedativos para aguentar a dor, a médica que cuida dele receitou um remédio contra pneumonia. Os profissionais conseguiram aplicar apenas uma dose, já que depois a medicação acabou.

“O sentimento é de revolta. A gente entrega um familiar nosso nas mãos do governo e é como se não estivesse nem aí. É muito triste”, disse. “A gente ouviu aqui que, se ele não tivesse tomado a primeira dose, provavelmente nem estaria mais aqui.”
Crise
A secretaria anunciou em novembro o repasse emergencial de R$ 100 mil ao Hospital de Base para que a instituição pudesse fazer compras de materiais básicos para cirurgias. Na época, médicos haviam suspendido procedimentos agendados alegando falta de de insumos, como compressas, gaze, analgésicos e remédios para enjoo.
“Repassamos esse valor para o [Hospital de] Base adquirir qualquer produto que está com estoque baixo”, disse na ocasião a secretária de Saúde, Marília Coelho Cunha. “Aconteceu que a secretaria, em um determinado momento, estava sem recurso e devendo para fornecedores."
Além disso, a pasta remanejou R$ 84 milhões de convênios com o governo federal – incluindo o fomento a programas de combate e prevenção a doenças como dengue e Aids, que apresentaram indicadores ruins neste ano – para pagar dívidas com fornecedores e reabastecer a rede pública da capital do país com medicamentos e materiais hospitalares. Um levantamento feito por técnicos estimava que o rombo da pasta seja de R$ 150 milhões.

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