MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Indígena russa usa vestimenta com pedras e pele e encanta nos JMPI


Segundo Saina, traje é feito com pedras e pele de raposa.
Uso de peles é comum na região, por causa do frio, diz sociólogo.

Gabriela Lago Do G1 TO
Roupa usada por Saína na abertura do evento encantou visitantes (Foto:  Roberto Castro/ME)Roupa usada por Saína na abertura do evento encantou visitantes (Foto: Roberto Castro/ME)
A única representante da Rússia na 1ª edição dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JPMI) está encantando os visitantes do evento pela forma de se vestir. Saina, de 44 anos, é da região de Yakutia, na Sibéria Ocidental. Ela ganhou atenção ao se apresentar na abertura dos Jogos com uma roupa feita com pedras e pele do rabo de raposa. "Fiquei surpresa com a reação das pessoas ao me verem", disse. De acordo com sociólogo, uso de peles é comum na região, por causa do frio.
Na Rússia, Saina tem uma carreira como cantora e conta que tem muitos fãs. Segundo a ela, a roupa usada por ela na abertura não é típica do seu povo e foi feita por uma costureira que admira sua carreira. "Ela apreciava o meu trabalho e disse que ia fazer uma roupa para mim. Eu expliquei que era tímida e que não poderia usar algo tão chamativo, mas ela disse que eu era uma artista e que precisava de algo que se destacasse."
Russa encanta especatadores pela forma de se vestir (Foto: Roberto Castro/ME)Russa encanta especatadores pela forma de se
vestir (Foto: Roberto Castro/ME)
Segundo Saina, a pele do rabo de raposa que compõe a roupa foi dado a ela de presente por um líder de uma aldeia por onde a artísta passou.
De acordo com o sociólogo, Antônio Pedroso, o uso de peles na região é comum, por causa das baixas temperaturas. "Faz parte do costume indígena caçar animais. A relação que eles têm com o meio ambiente não causa desiquilíbrio ecológico, não é predatória. Para a cultura não indígena, pode parecer cruel, matar animais para tirar a pele. Mas não podemos julgar outra cultura usando os valores da nossa. Vale lembrar que primeiro devastamos, depredamos e só depois instituímos que precisávamos cuidar do meio ambiente."
No dia da apresentação, antes de entrar na arena, a indígena ficou aguardando em uma sala com ar-condicionado. "Eu não sabia que fazia tanto calor antes de chegar aqui. Na Rússia, temos um verão bem curto, onde o sol aparece durante 24h [fenômeno conhecido como sol da meia-noite]. No inverno chega a fazer -56 graus."
Mas não foi só a roupa usada na abertura dos JMPI que chamou atenção dos visitantes do evento. A vestimenta tradicional também se destaca e está relacionada aos desejos do povo. "A roupa é feita a mão, pelas pessoas da própria etnia. A pintura e os desenhos fazem referência a nossa proteção. A cada ponto dado com a agulha, fazemos um desejo, como por exemplo, pedir pelos amigos", explicou.
Saina não veio ao evento para participar das competições, mas tem se destacado pelo talento artístico. "Eu toco piano, guitarra, sou coach vocal e faço workshops de aula de canto."
Durante as apresentações, ela tocou um instrumento tradicional, chamado Komus. O som produzido por ele lembra a música eletrônica. (Veja vídeo)
De acordo com a artista, o talento dela angaria muitos admiradores. "Vir para o Brasil era muito caro. Consegui o dinheiro com a ajuda das pessoas que gostam do meu trabalho". Além de novos fãs, Saina espera levar do Brasil, amigos. "Por onde passo, levo comigo todas as pessoas."
Roupa tradicional está realacionada ao pedido de desejos (Foto: Rafael Felipe)Roupa tradicional está relacionada ao pedido de desejos (Foto: Divulgação/Rafael Felipe)
Roupa de Saína foi feita por uma costureira que a admira (Foto: Roberto Castro/ME)Roupa de Saina foi feita por uma costureira que admira o trabalho dela (Foto: Roberto Castro/ME)
Durante as apresentações, Saína toca um instumento tradicional, chamado Komus (Foto: Francisco Medeiros/ME)Durante as apresentações, Saina toca um instumento tradicional chamado Komus (Foto: Francisco Medeiros/ME)

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