MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Temer continua refém dos caciques do PMDB, mas está tentando se libertar


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Charge do Chico Caruso, reprodução de O Gobo
Carlos Newton
Na ânsia de se tornar presidente da República, o vice Michel Temer se apressou e acabou cometendo um terrível erro estratégico. Ao invés de ficar quieto no seu canto, esperando o governo de Dilma Rousseff acabar de se destruir sozinho, Temer aceitou o assédio dos caciques do PMDB para armar um esquema político destinado a derrubar logo a presidente. Era uma iniciativa absolutamente desnecessária, até porque Dilma já estava se derretendo sozinha, nem precisava de ajuda. Mas o vice-presidente caiu na armadilha que armaram contra ele. Curvou-se à pressão, entrou no esquema e se tornou refém da cúpula do PMDB.
PAPEL DECORATIVO – Agora, Temer tenta desesperadamente se livrar deles, mas não consegue, porque estão encastelados no poder e comandam a máquina da Presidência, na qual o presidente da República passou a fazer um papel decorativo.
No Planalto, até os garçons do cafezinho sabem que o governo ainda está nas mãos do chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, que realmente manda e desmanda, como representante maior dos caciques do PMDB, comporta-se como porta-voz e dono da situação.
CACIQUES EM AÇÃO – Recordar é viver: o esquema para levar o PMDB ao poder era integrado por quatro políticos sem mandato – Eliseu Padilha, que ficara como suplente na eleição de 2010, deu um jeito de assumir e depois se tornar ministro no governo Dilma Rousseff; Moreira Franco, que nem suplente era e também virou ministro; Henrique Eduardo Alves, que perdera a eleição em 2014 e continuou morando em Brasília, até ser nomeado ministro de Dilma; e Geddel Vieira Lima, também derrotado nas ruas e que estava no acostamento da política.
Além deles, participavam do esquema Valdir Raupp, vice-presidente do partido, Romero Jucá, líder do governo Dilma, Jáder Barbalho, senador pelo Pará, e Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara, entre outros, menos cotados.
Apenas um dos caciques do PMDB ficou de fora – o senador Renan Calheiros, único que apoiou Dilma até a undécima hora, mas depois aderiu e agora está com o esquemão do PMDB e não abre, como se dizia antigamente.
TEMER MANIPULADO – Quando se convenceu de que Dilma iria mesmo cair, Temer nem notou que estava sendo manipulado e aderiu ao esquema dos caciques. Achou que poderia mantê-los sob controle e governar com eles, então embarcou na onda. Foi seu maior erro. Se tivesse se resguardado, chegaria ao poder do mesmo jeito, mas sem dever nada a ninguém, teria escapada da armadilha, poderia compor um governo nos moldes de Itamar Franco.
Lembre-se que foi em 1º de dezembro de 2015 que Eliseu Padilha se demitiu no ministério de Dilma, para se posicionar como “líder do impeachment” nos bastidores do PMDB. Por mera coincidência, é claro, isso ocorreu um dia antes de Eduardo Cunha, como presidente da Câmara, aceitar o pedido de impeachment de Dilma.
Padilha continuou morando em Brasília, articulando. Henrique Eduardo Alves, que também era ministro, só saiu em 28 de março de 2016, e também permaneceu em Brasília. Moreira Franco, que deixará o ministério em 1º de janeiro de 2015, e Geddel, fora de cena desde dezembro de 2013, ficaram na ponte-aérea, participando da articulação.
TEMER REAGE – Sufocado por Padilha, que ainda tem apoio de Geddel e de praticamente todos os outros caciques, Temer tenta se libertar, mas só conta com o apoio de Moreira Franco. O primeiro lance foi recriar a Secretaria de Comunicação da Presidência, nomeando o diplomata Alexandre Parola, ligado ao PSDB. Com isso, enfraqueceu a Secretaria de Imprensa, subordinada a Padilha e comandada por Márcio de Freitas Gomes, um jornalista desconhecido que há 15 anos é serviçal dos caciques do PMDB.
Padilha engoliu tudo e não passou recibo. Deu logo entrevista dizendo que a comunicação tem mesmo de ficar diretamente ligada a Temer, vejam a que ponto chega o cinismo dessa gente.
REDE DE INTRIGAS – No meio da confusão, Temer manteve o ministro Alexandre Moraes, da Justiça, porque é seu único amigo pessoal no Ministério e confia nele. Moreira Franco não é amigo de ninguém, mas o presidente tem esperança de confiar nele, que ambiciona substituir Padilha na Casa Civil.
Moreira é experiente, uma velha raposa, fantasiada de gatinho angorá, como dizia Leonel Brizola. Ele sabe que Temer tem a caneta e pode se libertar de Padilha na hora que quiser e até manter Geddel, que logo se adaptará à nova realidade. Enquanto o quadro não se define, a crise econômica e social continua derretendo o país. Mas quem se interessa?

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