Marcas premium alemãs têm vivido um efeito sanfona há pouco mais de 40 anos. Mercedes-Benz, Audi e BMW têm visto seus modelos crescerem, forçando-as a desenvolver produtos menores. Foi assim com o Série 3 da casa de Munique e o A4 de Ingolstadt, que ganharam irmãos menores. Agora é a vez de o Classe C ganhar um caçula para enfrentar os baixinhos alemães e ocupar espaço na “classe econômica” do mercado premium.
Uma das tacadas mais felizes da Audi foi em 1996, quando a marca das quatro argolas apresentou o hatch A3. O então derivado do A4 caiu no gosto do consumidor europeu, que sempre teve boa relação com hatches médios e por aqui fez sucesso por ser o Audi mais acessível do mercado. As credenciais do compacto eram tão boas que ele chegou a ser fabricado por aqui, em São José dos Pinhais (PR).
Em 2013 a marca alemã deu outro tiro certeiro com o A3 Sedan, que se posicionou abaixo do A4, como sedã compacto desenvolvido para expandir os volumes da marca em mercados emergentes como China, Leste Europeu, Rússia e também no Brasil. Afinal, sua missão era brigar, não com os patrícios (BMW e Mercedes-Benz), mas com os asiáticos Toyota Corolla Honda Civic e Hyundai Elantra.

Efeito dominó
A BMW percebeu que estava marcando bobeira e, no ano passado, apresentou o Serie 1 Sedan (até o momento restrito ao mercado chinês), justamente para concorrer num segmento entre o Série 1 (hatch) e o Série 3. Agora é a vez de a Mercedes-Benz, também na Terra do Dragão, revelar o A Sedan Concept, que dará formas ao modelo que estreará em 2018.
Assim como o A3, trata-se de um sedã compacto construído sobre a base de um hatch, no caso o Classe A, que se posicionará abaixo do Classe C e também do CLA (que segundo a própria Mercedes-Benz nunca foi um sedã, mas um cupê quatro portas compacto).
Realmente as linhas do A Sedan Concept trazem traços mais tradicionais que o CLA, com formas que acompanham o design do CLS. O modelo ainda é um estudo, mas as linhas de carroceria já são definitivas e indicam como será a futura identidade visual da marca.

Baby Benz
É muito provável que o sedã Classe A herde a plataforma do restante da linha. Pois mesmo que ela tenha divulgado o comprimento de 4,57 metros, não citou a distância entre-eixos, o que poderia indicar nova base a ser lançada e que serviria para reformulação dos demais compactos com tração dianteira. Certo é que o sedã terá o mesmo conjunto mecânico, com motores que vão de 156 cv a 380 cv, assim como demais “miúdos” da marca. 
Estratégia
O que a Mercedes-Benz quer, assim como a Audi e BMW, é ampliar a participação no mercado chinês, que tem um leque de perfis de consumidores extremamente vasto e capaz de absorver as mais variadas proporções de carrocerias e diferentes níveis de qualidade. Afinal, no ano passado foram vendidos nada menos que 28 milhões de veículos por lá.
Apesar de a Mercedes-Benz não confirmar quais são os mercados do modelo, a chegada dele ao Brasil é praticamente certa, uma vez que o cenário econômico instável e uma retomada tímida para os próximos três anos exigirão que a Mercedes, assim como as rivais, foque em modelos de tíquete mais baixo para poder alavancar volumes.