Por Folhapress
Um
dos planos traçados por aliados de Michel Temer para mantê-lo no cargo
consiste no esvaziamento da sessão da Câmara dos Deputados que irá
analisar a denúncia criminal contra o presidente.
A Procuradoria-Geral da República deve apresentar nos próximos dias a
acusação formal contra o peemedebista em decorrência da delação dos
executivos da JBS.
A Constituição estabelece que essa denúncia só pode ser transformada em
processo no Supremo Tribunal Federal –com o consequente afastamento do
presidente caso haja aprovação pelo plenário da Câmara, com o voto de
pelo menos 342 de seus 513 integrantes.
Ou seja, Temer necessita ter ao menos 172 deputados ao seu lado, mas
não necessariamente do voto desses parlamentares –a rigor, não precisa
de nenhum.
É o lado contrário que tem a obrigação de reunir 342.
A votação da análise da denúncia se dará por meio de chamada nominal de
cada um dos deputados, que irão declarar seus votos em um dos
microfones do plenário. Após a primeira rodada, a tradição manda que
haja uma segunda chamada dos faltosos, mas isso não é obrigatório. As
regras serão definidas pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
um dos principais aliados de Temer.
Um dos maiores temores dos governistas é o desgaste político e
eleitoral de ir ao microfone do plenário da Câmara votar contra o
prosseguimento das investigações.
Além de todas as suspeitas contra o presidente levantadas nos
depoimentos capitaneados por Joesley Batista, pesa contra o peemedebista
a péssima avaliação popular: de acordo com a última pesquisa do
Datafolha, de abril, Temer contava com apenas 9% de aprovação das ruas.
Um dos planos de governistas é se ausentar na hora da votação e se fiar
no hoje improvável cenário de oposição e dissidentes reunirem os 342
votos.
Estratégia essa que tende a murchar caso fique claro na percepção
popular que a ausência é a mesma coisa de votar a favor de Temer.
Na época do impeachment de Dilma Rousseff, essa saída também foi
pensada por apoiadores da petista, mas acabou naufragando diante da
promessa de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), então presidente da Câmara e
desafeto da presidente, de fazer sucessivas chamadas dos faltosos na
sessão realizada em um domingo, com transmissão ao vivo para todo o
país.
Governistas dizem contar hoje com cerca de 250 deputados para barrar a denúncia contra Temer, mas esse é um número oscilante.
"A chance de a oposição ter os 342 votos para aprovar a denúncia é a
mesma que o Sargento Garcia tem de prender o Zorro, salvo haja algo
novo, grave e comprovado contra o presidente", disse o deputado Carlos
Marun (PMDB-MS), um dos principais aliados do Planalto. "Confio no
Temer, pode tirar a ressalva, a chance é a mesma de o sargento prender o
Zorro", se corrigiu, logo em seguida.
Ele diz que chega a ser aplaudido pela forma como tem defendido o
presidente. "A forma como cada um vai se portar diante do microfone eu
não sei, o que sei é que a oposição não terá votos para levar a frente
uma denúncia frágil como essa."
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