Ciro Gomes ataca governo FHC
O
presidenciável Ciro Gomes (PDT) passa o fim de semana em Belo Horizonte
em uma maratona de palestras e protestos com estudantes. No discurso,
sempre polêmico, atacou os governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e
Dilma Rousseff (PT) e disse que o Brasil precisa de um “projeto novo”.
Ciro desembarcou na
capital minera na sexta-feira para participar do Congresso da União
Nacional dos Estudantes (UNE). Teve tempo para encontrar o amigo,
ex-prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), com quem
confraternizou em um bar na região de Lourdes, na noite de ontem.
“Fernando Henrique
conhece a vida, não tem compromisso nenhum com nada a não ser com seu
próprio cinismo. O Fernando Henrique sabia que São Paulo queria, para
ser monopólio eternizado de poder, destruir politicamente Minas Gerais e
Rio Grande do Sul”, afirmou ao comentar a crise financeira por que
passam em estados. Segundo ele, Minas e Rio Grande do Sul “foram à
bancarrota” por conta das renegociações das dívidas feitas durante o
governo de FHC. As condições, conforme o presidenciável, foram as piores
para ambos os entes federados.
As declarações foram
feitas a estudantes de Direito da PUC-Minas nesta tarde. Ciro proferiu
palestra sobre a crise brasileira. Relembrou dados da economia sob as
gestões de FHC, Lula e Dilma. “Será que Deus se arrependeu de ser
brasileiro?”, questionou no início da palestra. Em seguida, estruturou
dados que mostram, segundo Ciro, que “o povo deu uma empobrecida grande,
por isso Fernando Henrique perde a eleição. Lula começa ser até mais
conservador que o FHC, se é possível isso”. Ele lembrou que Lula
entregou o governo a Dilma com o real valendo R$ 1,75 de US$ 1. O valor
foi a R$ 4 quando Dilma saiu do governo e está em R$ 3,30. "Se você
aumenta o dólar, você empobrece o povo", disse.
Ciro é tido como nome do
PDT à Presidência da República. Também tem o nome ventilado para compor
com aliança com o PT de Lula. Para ele, um dos problemas do país é a
divisão entre “coxinhas e petralhas”.
Temer
O vice-presidente do PDT e
ex-ministro Ciro Gomes não poupou ataques ao presidente da República
Michel Temer durante palestra no 55º Congresso da União Nacional dos
Estudantes (UNE), sexta-feira, na Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG). Para ele, o presidente é um canalha, usurpador, traiçoeiro,
bisbilhoteiro, sem limites e sem escrúpulo, que vive acompanhado de um
grupo de marginais “que é a maioria do Congresso.”
Ciro disse que jamais
aceitaria chegar à presidência da República “usurpando” de forma
“traiçoeira” o poder de quem confiou nele, referindo-se a Temer. “Eu vi
essa situação com um grande brasileiro e mineiro que é José Alencar. Se
José Alencar fosse um canalha, como Michel Temer é, o Lula tinha caído
na crise do Mensalão. Não caiu pela decência, correção e a grandeza
moral desse grande brasileiro que Minas Gerais nos deu que é o doutor
José Alencar”, disse.
Segundo o ex-ministro,
Temer é um “canalha” e não duvida que ele esteja usando a Agência
Brasileira de Inteligência (Abin) para “bisbilhotar” a vida do ministro
do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, e de adversários. “Não
tem limite, nem escrúpulo. E está funcionando. Ele sabe a massa de
manobra com quem ele trata, um grupo de marginais que acompanha a
maioria do congresso”, afirmou.
Ciro lembrou que já havia
denunciado Temer diversas vezes, o que custou-lhe vários processos.
“Tudo hoje que está se falando, inclusive na base das 82 perguntas
(enviadas a Temer pela Polícia Federal para ele responder), eu já havia
denunciado tudo isso. A Justiça brasileira é morosa mesmo, salvo poucas
exceções, e por regra trabalha só para prender ladrão de galinha. Agora,
quem sabe, a gente tenha alguma resposta”, completou.
Lula
Ciro também comentou o
desempenho de Lula nas pesquisas para as eleições presidenciais do ano
que vem. Disse que Lula “é o que ele é”, um “fenômeno”, completa. “Se as
pesquisas estiverem certas, Lula tem uma partida que só ele possui. Eu
acho, entretanto, como eu tenho dito a ele, que ele desserve ao Brasil e
à sua própria biografia se ele não ajudar a construir uma passagem para
um novo projeto”, disse o ex-ministro, lembrando que Lula foi quem
colocou Michel Temer na linha de sucessão, e também colocou Dilma
Rousseff, pessoa “inexperiente”, declarou. “Ele (Lula) ficou tão
poderoso e dono da verdade que não ouviu mais ninguém”, reagiu o
ex-ministro.
Sobre uma possível
aliança do PDT com o PT nas próximas eleições, Ciro Gomes lembrou que
têm uma longa história de parceria com o PT, mas nesse momento a sua
defesa dentro do PDT é trabalhar a unidade das forças populares,
progressistas e nacionais para derrubar o governo Temer, exigir justiça e
deixar para dividir só em julho do ano que vem.
“Vamos aproveitar esses
dias, meses que nos separam das eleições, quando virá a paixão, a
simpatia, as musiquinhas, as imagens em slow motion. Cada um vai fazer
sua conversa mole lá, mas daqui até lá, vamos pensar o Brasil, pensar na
nossa unidade”, completou.
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