Pedro do Coutto
Pesquisa do Datafolha, reportagem de Thais Bilenky, Folha de São Paulo, e a entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, matéria de Adriana Ferraz, O Estado de São Paulo, nas edições deste sábado da Folha e do Estadão, sem dúvida alguma contribuem fortemente para deixar por um fio o elo político que ainda mantém Michel Temer no Palácio do Planalto.
Somem-se aos dois conteúdos o resultado da perícia feita pela Polícia Federal na fita gravada por Joesley Batista e a decisão do ministro Edson Fachin de determinar ao Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, que tome a iniciativa de formalizar a denúncia contra Temer, por corrupção e obstrução da Justiça, para se chegar a conclusão da extrema fragilidade de um governo que perdeu a si mesmo e, com seu isolamento na opinião pública, tornou-se um fator muito forte de contrariedade por parte da população.
RENÚNCIA – Tanto assim que o Datafolha aponta que nada menos que 76% dos brasileiros desejam que o atual presidente renuncie. Ao lado desse resultado desgastante, ainda por cima 69% consideram sua administração entre ruim e péssima. Tal resultado só é ultrapassado pela conclusão a que o Datafolha Chegou, há 28 anos, quanto ao conceito final sobre o ex-presidente José Sarney, época da hiperinflação que se abateu sobre o Brasil. O ministro da Fazenda era Mailson da Nóbrega.
Fernando Henrique Cardoso afirma que, ao apresentar acusação formal contra MIchel Temer, Rodrigo Janot tornar-se-á personagem de uma situação inédita em toda a República brasileira. Estará formado, acentuou, um panorama gravíssimo, cuja solução reside na antecipação das eleições presidenciais de 2018.
AGRAVAMENTO – Se antes da viagem à Rússia e a Noruega, Michel Temer já se deparava com um quadro profundo de desgaste, a partir de agora enfrentará uma situação ainda mais grave. É como, para citar uma expressão usada por Tennessee Williams, o clima é do fundo de um saco sem fundo. Michel Temer desabou. E com ele seu governo.
Perdeu as condições de permanecer no Palácio do Planalto. Acredito que a melhor solução é a proposta por FHC. E não se diga que há o problema de tempo para que as eleições se realizem. Como já escrevi recentemente, há o exemplo de 1945, quando, a 29 de outubro, o ditador Getúlio Vargas era deposto do poder. As eleições para presidente e Assembléia Nacional Constituinte se realizaram normalmente no dia 02 de dezembro. O General Eurico Dutra foi eleito com 52% dos votos.
Não havia voto eletrônico e nem internet. Era o tempo em que os eleitores e eleitoras colocavam num envelope as cédulas impressas com o nome dos candidatos. Isso aconteceu exatamente há 72 anos.
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