O partido que dilapidou o
patrimônio público, corroeu as instituições e enterrou valores e
princípios, quer agora que os cidadãos banquem o financiamento integral
das campanhas políticas, sem se preocupar com o já elevado fardo dos
impostos. Editorial do Globo:
Talvez não haja
democracia em que não tenha ocorrido algum escândalo com o dinheiro da
política. E se houver, é bastante provável que ainda venha a ocorrer.
Mesmo na austera Alemanha, o ex-chanceler Helmut Kohl, com lugar na
História por haver patrocinado a reintegração do país depois da falência
do bloco soviético, sucumbiu a um dinheiro “não contabilizado” — no
eufemismo lulopetista —, e encerrou a brilhante carreira como homem
público.
A lista de casos
deste tipo mundo afora é extensa. No Brasil sabe-se bem disso. Mas na
vida pública brasileira há uma característica: existe sempre algum
político e/ou partido em busca da fórmula perfeita e definitiva para
acabar de vez com os males da política. Como se isso fosse possível.
Desta cultura e costume decorrem mirabolantes e inexequíveis, por
ilegais, propostas de Constituintes, por exemplo, e projetos vendidos
como fórmulas mágicas como aqueles apetrechos apregoados por camelôs de
esquina.
O combate à corrupção
na política tem demonstrado enormes avanços no país, desde o processo
do mensalão. E, no momento, com a evolução já da fase judicial do
petrolão, este propinoduto bilionário escavado pela Lava-Jato.
Mas a cultura
política brasileira do salvacionismo, do elixir milagroso, é sólida.
Assim, em que pesem as lições que vêm sendo dadas no desmantelamento de
esquemas corruptos e corruptores na política, em que surgem propostas de
aperfeiçoamentos legais para conter as falcatruas neste universo, ainda
há o delírio de fórmulas supostamente simples e definitivas.
Como a proibição do
financiamento de campanhas por empresas — aprovada pelo Supremo — e a
proposta da estatização completa das finanças da política. Completa,
porque parte já é bancada pelo contribuinte — na formação do Fundo
Partidário e no ressarcimento, pela redução de impostos, das emissoras
de TV e rádio pelo horário de propaganda “gratuita”. Uma ironia.
Ora, está evidente
que os mecanismos de formação de caixas 2 e de lavagem de dinheiro — há
farta literatura sobre o tema nos autos da Lava-Jato — tornam a
proibição total de recursos de pessoas jurídicas na política uma
história da carochinha. Melhor seria rever a legislação que vigorava,
para torná-la mais realista — um limite de percentual fixo do
faturamento de toda empresa, independentemente do tamanho, era enorme
erro, por exemplo —, além de uma legislação punitiva rigorosa e muito
mais transparência no fluxo do dinheiro.
O PT se bate pelo
financiamento público integral, sem qualquer preocupação com o peso já
elevado da carga de impostos. Não há margem no orçamento familiar para
mais gravames, muito menos a fim de financiar campanha de políticos que
ele sequer conhece. Na verdade, esta bandeira lulopetista tem a ver com
outro sonho partidário: a votação em lista fechada, para permitir o
financiamento público integral. Resultará que a população ficará mais
sobrecarregada por impostos e ainda perderá para os caciques partidários
o poder de escolher o próprio candidato. Perda dupla.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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