Por que tantos jovens
caem na lábia de socialistas radicais como Jeremy Corbin e Bernie
Sanders? Ora, a esquerda lhes oferece o que eles mais desejam: um
Estado-babá. Artigo de Rodrigo Neves, publicado na Gazeta do Povo:
Um fenômeno recente
na internet brasileira são as piadas com as mudanças que os jovens
sofrem após entrarem na universidade. A página de Facebook “Antes e
depois da Federal”, recorrentemente deletada pela administração da rede
social, em sua maior dimensão teve quase 300 mil seguidores e retrata
casos que beiram quase a insanidade, em que adolescentes aparentemente
normais e bem integrados se tornam figuras estranhas, caricatas ou
simplesmente bizarras ao entrar em contato com o mundo da militância
esquerdista nas universidades públicas brasileiras.
Esse fenômeno das
mudanças radicais dos jovens nas universidades não é exclusivamente
brasileiro. Embora as piadas tenham sido uma invenção legitimamente
tupiniquim, rapidamente o fenômeno se alastrou nos Estados Unidos e na
Inglaterra, à medida que as eleições desses países mostraram uma
presença significativa de jovens de aparência, sexualidade e ideias
confusas se manifestando como militantes radicais de esquerda.
Esses jovens,
pejorativamente apelidados de “guerreiros da justiça social” (Social
Justice Warriors, no jargão da língua inglesa), se tornaram notórios
pela defesa de ideias extremistas no âmbito da esquerda, negando não
apenas os valores da sociedade, mas até mesmo a realidade objetiva,
alegando ser esse um esforço para tornar a sociedade “mais justa”.
Mais recentemente,
eles se destacaram por cometer ações violentas contra oradores e
palestrantes pró-Trump em universidades nos Estados Unidos, e pelo seu
apoio massivo à candidatura do radical socialista Jeremy Corbyn nas
eleições britânicas – um candidato notório por defender a imigração
desenfreada de muçulmanos radicalizados religiosamente provenientes de
zonas de conflito, uma ressindicalização dos ambientes de trabalho
britânicos que levaria a Inglaterra de volta para os anos 1970, e
pesados aumentos de impostos sobre a maioria da população britânica para
bancar tudo isso.
Mas o que explica
essa relação tóxica dos jovens com o socialismo? Simples: a hegemonia da
esquerda não só nos meios de imprensa, mas também nos meios
educacionais em que essa hegemonia é tamanha que não é anormal um
estudante passar por todo o processo desde a educação básica até as
universidades sem nunca sequer ter tido contato com qualquer professor
que não fosse abertamente um defensor do socialismo.
No caso britânico, em
que a imprensa é pesadamente regulada e controlada pelo governo e em
que as escolas institucionalmente utilizam livros didáticos que promovem
uma agenda politicamente correta, essa situação torna-se ainda mais
agravada. E isso, é claro, tem seus reflexos eleitorais.
Os Millennials, como
são conhecidos aqueles nascidos entre 1985 e 1995, são fruto de duas
décadas de uma criação em que os valores ensinados não são aqueles de
seus pais, mas aqueles de seus professores e de suas escolas. Cabe
lembrar que é justamente essa geração a que teve o menor contato com a
própria família, muitas vezes sendo chamada de “Daycare generation”
(“Geração da Creche”) por ter sido, nos EUA, uma geração cujos pais
massivamente colocavam seus filhos em creches desde muito cedo na
infância, assim reduzindo muito o contato deles com seus pais.
É uma geração que,
majoritariamente, cresceu insulada dos seus próprios pais e de quaisquer
valores que não fossem aqueles de uma instituição dedicada a “cuidar”
deles e “fornecer” aquilo que eles “precisavam”. No começo de suas
vidas, essa instituição era a creche, que cuidava deles e fornecia
alimento. Ao avançarem para a adolescência, essa instituição passou a
ser a escola e a universidade – e hoje, nos Estados Unidos, as
universidades cada vez mais se parecem com creches do que propriamente
com instituições de ensino, tornando-se muitas vezes infames por
práticas como a criação de safe spaces (basicamente, um local onde o
jovem adulto se refugiaria para estar seguro contra coisas que pudessem
lhe ofender – como opiniões diferentes da dele ou desafios que a vida
pudesse lhe propiciar) ou de manuais de conduta regulando o que os
estudantes poderiam ou não falar com seus colegas.
Não é estranho e nem
anormal pensar que essa geração que cresceu sob a eterna vigilância e
“cuidado” de uma autoridade incutiu tais valores, e hoje se vê
dependente dessa figura do “cuidador”. É nisso que o socialismo se torna
tão atraente para esses jovens. Quando um jovem americano ou britânico
vota em um socialista como Bernie Sanders ou Jeremy Corbyn, ele não está
apenas fazendo uma opção política. Ele está buscando aquilo que durante
toda a sua vida ele teve e que agora, na fase adulta, lhe foi tirado
abruptamente: um cuidador. O socialismo fornece isso para essas pessoas.
Ele dá a esses jovens a ideia de que eles podem continuar sendo
tutelados por alguém – agora, o Estado – que, então, os protegerá das
decisões difíceis e das adversidades da vida.
Quando esse jovem
vota na esquerda, ele quer um Estado que o proteja das “opiniões
malvadas” daqueles que discordam dele. Ele quer um Estado que o proteja
dos “patrões exploradores” que insistem que não existe o almoço grátis
que eles antes ganhavam na cantina da escola. Ele quer um Estado que
garanta que, se ele adoecer, haverá um médico que lhe atenda de graça e
lhe faça lembrar da enfermeira da escola que lhe atendia quando ele se
machucava no parquinho. Ele quer, em suma, alguém para nutrir a figura
paterna que eles não tiveram, e que durante toda a sua juventude sempre
foi substituída por uma organização parecida com a do Estado. E, como
solução mágica para esse problema, a esquerda lhes oferece o que eles
mais desejam: um Estado-babá.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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