MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 25 de junho de 2017

Rússia e China se unem para neutralizar ação dos EUA e aliados no Oriente Médio


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Rússia e China estão se unindo,22 até militarmente
Pepe Escobar
SputnikNews
Uma mudança geopolítica tectônica aconteceu em Astana, Cazaquistão, há poucos dias. Mas ainda não se viu nem qualquer mínima repercussão nos círculos ocidentais. Na reunião anual da cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), fundada em 2001, Índia e Paquistão foram admitidos como membros plenos, como Rússia, China e Cazaquistão, Uzbequistão, Quirguistão e Tadjiquistão. Assim sendo, a OCX já é não apenas a maior organização política do mundo, por área e por população, como também reúne quatro potências nucleares.
O G-7 é irrelevante, como se viu claramente na recente reunião em Taormina. Ação à vera doravante, à parte o G-20, virá desse G-8 alternativo.
GANHA-GANHA – Permanentemente desqualificada no Ocidente já há uma década e meia como se não passasse de mero salão de conversas, a OCX, lentamente, mas sem parar nunca, continua a promover um quadro que o presidente Xi Jinping, da China, qualifica, de forma discreta e muito atenuada, como “um novo tipo de relações internacionais com vistas a cooperação ganha-ganha”. É o mínimo que se pode dizer, do grupo no qual se reúnem China, Índia e Paquistão.
A marca OCX, sob o jogo do radar, é muito sutil. A ênfase inicial, quando se entrava no mundo pós-11/9, foi combater contra o que os chineses chamam de “os três males” – o terrorismo, o separatismo e o extremismo. Nesse sentido, Pequim e Moscou, desde o início, pensavam nos Talibãs no Afeganistão e nas suas conexões centro-asiáticas, especialmente por conta do Movimento Islamista do Uzbequistão (MIU).
AFEGANISTÃO – Agora, a OCX está ativamente alertando para a “deterioração” da segurança no Afeganistão e conclamando todos os membros a apoiar o processo de “paz e reconciliação”. É a senha para a OCX, daqui em diante, engajar-se diretamente em encontrar uma solução “completamente asiática”  para o Afeganistão (com ambos, Índia e Paquistão, também a bordo), que transcenda o “remédio” sempre fracassado do Pentágono – apenas mais soldados.
A OTAN perdeu miseravelmente a guerra que fez no Afeganistão. Os Talibãs controlam hoje pelo menos 60% do país – e continuam a avançar. E para acrescentar insulto supremo à ofensa previsível, o Estado Islâmico do Corasan (EIC), braço do Daech no Afeganistão, acaba de capturar Tora Bora, onde, nos meses finais de 2001, os B-52s do Pentágono insistiam em bombardear Osama Bin Laden e Ayman al-Zawahiri, que já estavam muito longe de lá.
Que ninguém se engane: a OCX agirá, sim, no Afeganistão. E essa ação incluirá levar os Talibãs à mesa de negociações. A China acaba de assumir a presidência rotativa da OCX e se empenhará para colher resultados práticos a exibir na próxima reunião de cúpula em junho de 2018.
LIVRE COMÉRCIO – A OCX evoluiu muito também em termos de cooperação econômica.  No ano passado, Gu Xueming, presidente da Academia Chinesa de Comércio e Cooperação Econômica Internacional, propôs que se faça uma aliança com um “think-tank” econômico da OCX, também para estudar a implantação de zonas de livre comércio da própria Organização de Cooperação de Xangai.
INTEGRAÇÃO TOTAL – É movimento que sugere fortemente uma integração econômica ainda maior – que já está em curso para muitos negócios de pequeno e médio porte. A tendência é inevitável, paralela à interpenetração das Novas Rotas da Seda, também chamadas “Iniciativa Cinturão e Estrada” (ICE), e a União Econômica Eurasiana (UEE), liderada pela Rússia.
Assim sendo, nem chega a ser surpresa que, na reunião em Astana, o presidente Xi Jinping e o presidente Putin mais uma vez tenham discutido a possibilidade de fusão entre ICE e UEE. E ainda não estamos falando do trio ICE, UEE e OCX  (o que diz respeito ao Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura, BAII; o Novo Banco de Desenvolvimento, NBD; o Fundo Chinês da Rota da Seda), em meio a um todo-poderoso arranjo de mecanismos político-econômicos.
JAPÃO E IRÃ – As coisas movem-se com incrível rapidez – em todos os fronts. Numa recente conferência “Future of Asia” em Tóquio, o suposto ferozmente antiChina primeiro-ministro japonês Shinzo Abe anunciou, embora ainda sujeito a muitas condições, que o Japão está pronto a cooperar com a ICE e com seu “potencial para conectar Oriente e Ocidente, assim como as diversas regiões que há entre um e outro”. Um possível reset China-Japão daria impulso definitivo à interpenetração de ICE, UEE e OCX.
Crucialmente importante é que China e Rússia estão em perfeita harmonia em termos de aprovar rapidamente a admissão do Irã como membro pleno da OCX.
Agora, comparem esse tipo de projeto/ação de China e Rússia, com a iniciativa do secretário de Estado americano”T.Rex” Tillerson, a ‘exigir’ mudança de regime no Irã.
CONTRASTE BRUTAL – Com a integração da Eurásia avançando inexoravelmente, o contraste com a proverbialmente pantanosa e repugnante arrogância dos aliados da OTAN não poderia ser mais flagrante.
Quando Moscou decidiu a favor de agir na tragédia da Síria e mudar aquele jogo, nenhum analista no Ocidente, exceto Alastair Crooke, viu o quanto esse movimento configurava uma espécie de operação ‘estilo-OCX’.
Entenda-se que Irã, Síria e Hezbollah não são membros da OCX, mas o modo como coordenaram seus movimentos com os russos já evidenciava uma alternativa factível, diferente do imperialismo ‘humanitário’ da OTAN e das aventuras tipo ‘mudança de regime’.
APOIO Á SÍRIA – O mecanismo “4+1” – Rússia, Irã, Iraque, Síria e Hezbollah – silenciosamente apoiado pela China foi instituído para combater todas as formas de terrorismo jihadista/salafista e, ao mesmo tempo, para prevenir qualquer tentativa de ‘mudar o regime’ em Damasco – sonho molhado da OTAN-CCG.
Agora, com a estrambótica política exterior de Trump, em que nada se coordena com coisa alguma, exceto com provocar o Irã, o resultado é que Rússia e China compreendem como é realmente fundamental que o Irã se torne, sem demora, membro pleno da OCX.
Pequim também já compreendeu, a importância de suas relações com o Qatar, fornecedor-chave de gás natural, e há apostas extremamente altas de o Qatar, mais dia menos dia, aceitará receber pagamento em yuan, reduzindo a importância do dólar.
QATAR E IRÃ – O silencioso movimento de pivô do Qatar na direção do Irã – razão-chave que enlouqueceu completamente a já encurralada Casa de Saud na Arábia Saudita – tem tudo a ver com a exploração em comum do maior campo de gás do mundo, North Dome/South Pars, que os dois países partilham no Golfo Persa.
Demorou um pouco para que o Qatar se desse conta de que, depois que os “4+1” (Rússia, Irã, Iraque, Síria e Hezbollah) se entenderam, um gasoduto do Qatar até a Turquia via Arábia Saudita e Síria até o mercado europeu jamais acontecerá. Ancara também sabe disso. Mas alternativamente pode haver um gasoduto Irã-Iraque-Síria, mesmo com uma possível extensão para a Turquia, com gás fornecido conjuntamente pelo campo North Dome/South Pars (Qatar/Irã).
Esse evento revolucionaria toda a equação da energia no Sudoeste da Ásia; e a hegemonia do petrodólar pode bem ser o principal “dano colateral” nesse quadro, o qual Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos aceitam devidamente.
Imaginem Qatar/Irã vendendo seu futuro gás para a Europa em euros, não em dólares norte-americanos, bem como os chineses que passarão a pagar em yuan, a energia que comprarem do Qatar – e da Arábia Saudita.
EUROS E YUANS – Que ninguém se engane: o futuro – inexorável – indica que o comércio de energia deixará de ser feito em petrodólares, para ser feito em yuan, moeda que pode ser convertida em ouro.
Jamais será demais destacar a importância da parceria estratégica Rússia-China coordenando todas as suas políticas para a integração da Eurásia, inclusive com os incansáveis esforços, pelos suspeitos de sempre, para impedir que a integração aconteça.
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