MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

A ditadura agradece: cinco trabalhos acadêmicos a favor do regime chavista.


Mais uma prova de que, nas universidades, há mais preocupação com ideologias do que com conhecimento científico. Mesmo com sinais de que o modelo bolivariano fracassaria miseravelmente, como todas as experiências socialistas, alguns pesquisadores brasileiros ficaram ao lado de Chávez e Maduro. Matéria de Murilo Basso, publicada pela Gazeta do Povo:


O agravamento da crise política e social na Venezuela é evidente e chegou a provocar divergências entre integrantes da esquerda brasileira, tradicional entusiasta dos governos Hugo Chávez e Nicolas Maduro. Se, por um lado, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), defende abertamente o regime bolivariano, esquerdistas convictos como o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) têm criticado o governo do país vizinho. 

Já no âmbito estudantil, pouco de concreto se vê por parte das entidades representativas – a UNE (União Nacional dos Estudantes), por exemplo, declarou apoio ao regime chavista diversas vezes. 

Mas o mais curioso é olhar para alguns trabalhos acadêmicos, em especial os produzidos em universidades públicas: da tese do ex-ministro Aloizio Mercadante, que via a Venezuela como o país do futuro, até artigos que apontam “o socialismo como alternativa inevitável a um capitalismo decadente”, há inúmeras análises sobre os regimes de Chávez e Maduro que hoje soam constrangedoras. Veja cinco delas. 

1) Venezuela, o país do futuro 

Aloizio Mercadante é figura conhecido na política nacional; um dos principais nomes do PT, foi ministro da Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação e ministro-chefe da Casa Civil. 

Em 2010, Mercadante obteve o título de Doutor em Economia pela Unicamp (Universidade de Campinas) com uma tese que cita a Venezuela diversas vezes de forma elogiosa. 

“Foram superados os regimes autoritários e a perspectiva de retrocessos parece ser cada vez mais improvável, embora tenham ocorrido canhestras tentativas de golpes de Estado, na Venezuela e em Honduras, em períodos recentes. As eleições, de modo geral, têm sido limpas, a imprensa funciona livremente, com problemas pontuais em algumas nações, e a organização partidária evoluiu”, escreveu. 

Mercadante ainda cita e corrobora uma previsão do economista citar Celso Furtado: “Nos próximos dois decênios, a Venezuela poderá ter saltado a barreira que separa subdesenvolvimento de desenvolvimento, sendo quiçá o primeiro país da América Latina a realizar essa façanha”. 


Autor: Aloizio Mercadante

2) Socialismo: alternativa a um capitalismo decadente 

Em um artigo publicado pelo Departamento de Geografia da UDESC (Universidade do Estado de Santa Catarina), o processo venezuelano de recuperação econômica é exaltado. 

A conclusão, após pouco mais de dez páginas, aponta o socialismo como alternativa inevitável a um capitalismo decadente. “Sua construção é expressão do amadurecimento dos movimentos populares e fortalecimento da força sindical por meio da ampliação dos espaços democráticos”, dizem os autores. 

“Através da organização popular milhões de venezuelanos, antes apenas objetos da manipulação das elites, permitem-se exercer o comando da sua própria história. A busca do socialismo do século XXI na Venezuela ampliou o papel do Estado na economia com nacionalizações, controle de preços e parcerias público-privadas”, completam. 


Autores: Gabriela Miqueloto Schmitz e Lucas dos Santos Ferreira 

3) Operários no poder

Uma dissertação de mestrado defendida em 2016 na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) afirma que o processo vivido na Venezuela coloca o trabalhador como protagonista na construção de uma nova sociedade. 

“O que há de específico na experiência venezuelana é o processo de transformação social impulsionado pela Revolução Bolivariana, que promove o questionamento ao capitalismo e reivindica sua transformação”, escreva a autora. 
O modelo de organização dos trabalhadores venezuelanos, porém, não parece tão eficaz: o percentual de pessoas abaixo da linha de pobreza aumentou quase nove pontos de 2015 para 2016, atingindo 81,8% dos lares, segundo a Pesquisa sobre Condições de Vida na Venezuela (Encovi). 

Já o PIB do país caiu 18% em 2016 e deve recuar mais de 7% este ano. A inflação foi de 254,9% no ano passado e deverá alcançar 720,5% em 2017. A previsão de desemprego é de 25,3% para 2017, um aumento de 4% em relação a 2016. 

Mas, segundo a dissertação, o Movimento Operário Venezuelano remedia uma dívida social histórica “no que se refere a condições dignas de vida para toda a população e, por outro lado, resgatar a história e o acúmulo de conhecimento geral da humanidade, para serem postos a disposição da classe que constrói sua própria realidade através do trabalho: o proletariado”. 


Autora: Julia Mariano Pereira 

4) Socialismo inevitável 

O “processo revolucionário” da Venezuela é a vanguarda das lutas sociais na América Latina, de acordo com uma dissertação publicada na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) em 2013.

“Tratamos de apresentar a Nova Política Econômica como uma alternativa anti-autoritária, de longo prazo, rumo ao socialismo. Não obstante, as medidas adotadas pelo Estado, nacionalizações de empresas em setores estratégicos, controle do cambio, acordos comerciais bilaterais, criação de cooperativas, etc. junto à grave recessão que o país mergulhou com a crise financeira mundial em 2008, não impediu que os programas sociais fossem suspensos, insistindo no forte compromisso Ético a qual o "Estado Bolivariano" assumiu com a nação”, escreve o autor. 

A pesquisa conclui ainda que um dos grandes culpados pela polarização política e social venezuelana não é a “falta de pluralidade partidária – e a venda da democracia participativa do 1º governo chavista – que estaria cada vez mais fazendo surgir um Estado autoritário – semelhante ao socialismo do século XX”, mas sim pela burocratização, não apenas do estado, mas também dentro das fábricas, que “contam com gerentes contrarrevolucionários, que permaneceram no corpo administrativo das empresas, obstruindo o processo produtivo através de sabotagens”. 


Autor: José Victor More Ramos 

5) Um bom modelo educacional 

O modelo venezuelano para a educação é elogiado em dissertação de mestrado da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná). “As múltiplas transformações ocorridas na Venezuela durante os governos Chávez inflaram e condicionaram a implementação de um sistema nacional de educação condizente com a necessidade do povo venezuelano”, diz o trabalho. 

O governo chavista é apontado como protagonista da melhoria. “As estatísticas comprovaram que, nos mandatos de Chávez, os avanços sociais e educacionais foram expressivos e que não seriam alcançados sem vontade política e um plano governamental e de Estado que abrangesse, na totalidade, um conjunto de ações articuladas e simultâneas nas esferas econômica, política, social e cultural”, completa. 

De fato, alguns índices cresceram durante a primeira fase do governo Chávez, mas a verdade é que eles se mostraram pouco duradouros: em 2016, segundo dados das próprias entidades sindicais do país, em média 30% dos professores não compareciam as aulas diariamente.

Desde então, a Venezuela quase não divulga dados educacionais. O país também não participou das últimas avaliações do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), método reconhecido mundialmente para avaliar a educação. 


Autora: Bruna da Silva Alvez.
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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