Alguns carros se tornam lendas pela simpatia e praticidade, como o Fusca; outros, pelo desempenho, como qualquer Ferrari (até a porcaria da 348). Alguns são peça de coleção e outros se tornam ídolo por conta da cultura popular. Por esse último critério, o Toyota Supra é praticamente imbatível. O cupê japonês, que nasceu no fim dos anos 1970 como versão de alto desempenho do Celica e depois se tornou um modelo independente, teve o ponto alto na geração A80 (produzido de 1993 a 2002).
Ele chegou numa época em que havia grande demanda por esportivos asiáticos, que ofereciam alto desempenho e melhor dirigibilidade que os norte-americanos e custavam bem menos que os esportivos europeus. Naquela época, modelos como Honda NSX, Mitsubishi 3000 GT e Mazda RX7 eram as principais referências no segmento. Isso sem contar o Nissan Skyline GT-R, exclusividade do mercado japonês.

Desenho
O Supra era um carro de linhas muito atraentes. Com traços do designer Isao Tsuzuki, o esportivo seguia tendência dos esportivos nipônicos, que abusavam de elementos arredondados, sem excesso de vincos ou recortes. O capô longo e a traseira curta com cadência fastback ganhava musculatura com o enorme aerofólio que se elevava assim do limite de visão do para-brisas traseiro.
Por dentro, o painel de instrumentos se envolvia com o console e o painel da porta, formando um cockpit. Os comandos eram voltados para o motorista, até os difusores de ventilação e o rádio. No quadro de instrumentos, conta-giros ao centro, como em qualquer esportivo que se preze.

Trem de força
Se o visual arrojado e esportivo atraía a atenção, seu desempenho fazia jus ao visual. O Supra era equipado com um motor seis cilindros 3.0, que poderia vir aspirado ou biturbo. Sua potência chegava a até 325 cv e 42,7 mkfg de torque. As opções de transmissão eram manual de cinco e seis marchas e uma automática de quatro.
A tração era traseira, o que fazia dele um automóvel perfeito para pistas sinuosas, e saia de traseira com extrema facilidade. Afinal, nos anos 1990 a eletrônica embarcada não era tão vigilante como atualmente.
O cupê acelerava rápido. Era capaz de fazer o quarto de milha (0 a 400 metros) em 13,1 segundos. No Japão, o Supra tinha velocidade máxima limitada em 250 km/h. Ele encarava modelos Porche 911, Audi RS2 e BMW M3 com valentia.

Cultura Pop
O Supra foi figurinha carimbada em publicações especializadas. Mas sua fama se espalhou nos videogames. Em 1994 fez parte do game “The Need For Speed”, da Electronic Arts e que tinha a supervisão da revista Road & Track.
No game, em que o jogador disputava rachas em rodovias e cidades, e o modelo concorria com máquinas como Ferrari 512TR, Lamborghini Diablo, Acura NSX, Dodge Viper RT/10, Chevrolet Corvette ZR-1, Porsche 911 (993) Carrera e Mazda RX-7.
Em 1995, o Supra também integrou a lista de “Gran Turismo”. O clássico do PlayStation, contava com cerca de 180 automóveis de diversas marcas, mas o Supra era a cereja do bolo. Ele estava disponível em seis versões, inclusive na de competição da equipe Toyota Castrol.
Mas o grande momento do Supra foi em 2000. O cupê foi uma das estrelas do filme “Velozes e Furiosos”. O carro alaranjado, com teto targa e enorme aerofólio, protagonizou dois rachas memoráveis.
O Supra foi descontinuado em 2002. De lá para cá, a Toyota vem ensaiando seu retorno. Ele pode ocorrer no ano que vem, oriundo de um projeto conjunto com a BMW que dará vida ao novo Z4 e a um esportivo japonês.