A
estratégia das Forças Armadas, durante a intervenção no Rio de Janeiro,
não prevê tiroteios nem bombas. Conheça os passos a serem seguidos pelas
forças de ocupação. Deu pra vocês, bandidos:
As
Forças Armadas querem estrangular o crime organizado, fechando as rotas
de entrada de armas e drogas no Rio, com o uso de Exército, Marinha e
Aeronáutica. Essa é parte da estratégia definida pelo militares para a
atuação no estado até 31 de dezembro – prazo da intervenção federal aprovada nesta terça-feira (20), no Congresso.
Nessa
estratégia, caberá ao Exército bloquear acessos com postos de revista em
três níveis. O primeiro será perto das divisas, em estradas como as BRs
101, 116 e 040. O segundo nível de bloqueio será feito no Arco
Metropolitano (BR-493) e, por fim, o terceiro deve ocorrer na entrada de
áreas dominadas por grupos armados, em uma estrutura parecida com a
ação nas Favelas do Chapadão, na zona norte do Rio, e Kelson’s, na
Penha.
Os
planos reservam para a Marinha a fiscalização na Baía de Guanabara e no
porto para controlar navios e contêineres. Embarcações que ancoram
afastadas para esperar a fila do porto e as de passeio e de pesca também
serão alvo de vigilância. A Aeronáutica e a Receita vão cuidar do
Aeroporto Tom Jobim.
Para os
militares, a geografia do estado facilita o controle das entradas e
saídas. Segundo um general ouvido pelo jornal, o “planejamento seguirá
essa lógica”. O Comando Militar do Leste (CML) vai procurar a CCR,
concessionária que administra a Via Dutra, para ter acesso às câmeras da
estrada.
Com a
intervenção na segurança pública do Rio, o Exército passou a agir em
quatro áreas: operacional, administrativa, jurídica e política. Por
enquanto, as ações nas ruas vão seguir o planejamento com base no
decreto sobre a Garantia da Lei e Ordem (GLO), em vigor desde agosto de
2017. Esse foi o caso da ação das últimas segunda (19) e terça-feira
(20), que levou à prisão de 11 pessoas e à apreensão de seis armas, além
de veículos e drogas.
Desde
2017, o CML planejava essa ação para combater o roubo de cargas. Os
bloqueios foram montados em Resende e em Paraty e na bifurcação da Dutra
que dá acesso à região do Chapadão. O general detalhou que seis acessos
para caminhões já foram fechados, assim como os da Kelson’s.
Ainda
não há definição se os futuros pontos de bloqueios serão fixos ou móveis
e quanto tempo vão durar. Nesta terça, a operação foi suspensa no fim
da tarde. Falta também definir como será a atuação de tropas do CML
estacionadas em Minas e no Espírito Santo e a relação com as polícias do
Sudeste.
Mandados coletivos e a questão jurídica
Na
terça, o general de brigada Adilson Carlos Katibe, comandante da
Artilharia Divisionária, deu uma palestra na sede do CML para cerca de
40 jovens juízes que estão na Escola da Magistratura do Rio. O general,
que chefiou as tropas que atuaram em 2017 no Espírito Santo, tentou
explicar as razões do Exército para defender a concessão de mandados coletivos.
Para os
militares, eles são necessários em razão da desorganização das
comunidades e até mesmo para a segurança dos moradores. Segundo eles, se
um morador de uma casa onde um bandido se esconde permitir a entrada de
militares, ele correrá o risco de ser morto pelos comparsas do
criminoso, depois da saída das tropas. “A gente não quer invadir,
atirar, ter dano colateral (baixas de civis), gastar uma montanha de
dinheiro e sair de lá porque o bandido pulou cinco casas e se escondeu”,
disse o general.
Na
frente interna, os generais estão se reunindo com as cúpulas das Polícia
Civil e Militar, do Corpo de Bombeiros e da Secretaria da Administração
Penitenciária, que estão entregando um diagnóstico de suas dificuldades
operacionais e administrativas. Com base nelas, o Exército construirá o
plano sobre o que será feito nos próximos dez meses – a intervenção
federal decretada pelo presidente Michel Temer deve durar até 31 de
dezembro.
O
comandante do CML e interventor no Rio, general Walter Souza Braga
Netto, está em Brasília e deve voltar ao Rio no sábado (24). Até lá, o
Exército deve buscar resolver questões como o uso de recursos
financeiros federais na ação e definir de quem será a propriedade dos
equipamentos que forem comprados pelo Exército para órgãos de segurança
durante a intervenção.(Gazeta do Povo).
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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