MEDIÇÃO DE TERRA

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sábado, 17 de março de 2018

Assassinos calam Marielle e desafiam intervenção na segurança do Rio de Janeiro


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Resultado de imagem para MARIELLE MORTA
Assassinato de Mairelle não pode permanecer impune
Pedro do Coutto
O assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, perpetrado na noite de quarta-feira, apresenta características de uma tradição dos mafiosos: calar a voz de quem tem muito a dizer sobre o crime organizado. Uma tradição do gangsterismo que, aliás, transformou o Rio de Janeiro numa Chicago de 1929. Sem dúvida, Marielle tinha algo de muito grave a revelar, o que levou ao planejamento de sua execução. Ela saía de um debate comunitário na Lapa e o carro que a transportava foi seguido durante mais ou menos quatro quilômetros até que os assassinos dispararam na altura do bairro do Estácio.
Fica nítido o plano dos criminosos. Os assassinos estavam empenhados em bloquear as acusações que a vereadora e ativista certamente tinha a fazer sobre uma provável rede de envolvimento as margens da lei e da segurança pública, a qual há cerca de 30 dias sofrera a intervenção federal.
DUPLA MOTIVAÇÃO – Os criminosos da noite fatal do Estácio agiram com dupla motivação, é claro: calar uma voz reveladora e paralelamente dirigir um desafio às forças comandadas pelo General Braga Netto.
A vereadora Marielle Franco, na sua luta comunitária, manifestara-se contra a intervenção federal. Nesse ponto seus motivos divergiam da motivação dos sicários da noite. Ela criticava o que sustentava ser um excesso policial nas favelas. Mas esta é outra questão. A meu ver, o gatilho dos assassinos foi acionado nas nove vezes fatais para impedir que revelações comprometedoras viessem à superfície do rio caudaloso do crime organizado que deságua e abastece fontes múltiplas de interesses ocultos. Quais são esses interesses?
INDIGNAÇÃO NACIONAL – Difícil dizer, mas obrigação do sistema de segurança descobrir e revelar à opinião pública, indignada com o desfecho da noite de quarta-feira. A indignação transbordou os limites do rio e repercutiu em todo o país, estendendo-se até ao exterior. Entidades empenhadas na preservação dos direitos coletivos levantaram sua voz para cobrar das autoridades brasileiras que os disparos feitos no Estácio tenham suas origens verdadeiras identificadas.
Marielle era defensora do direito das mulheres, dos direitos da população negra, dos direitos de favelados, oprimidos pelo crime organizado que planta em suas trincheiras nas subidas e nas curvas dos morros cariocas. Estas posições voltadas para os direitos humanos não se limitam às populações negras, mas se estendem inexoravelmente a toda população trabalhadora da cidade.
À MARGEM DA LEI – Não se estende, é claro, aos traficantes de drogas que vivem a margem da lei e que são no fundo violadores da condição humana pela opressão que exercem sobre os que habitam em seus malignos redutos de influência.
A tragédia do Estácio configura também um compartilhamento que torna pouco nítida a fronteira entre os agentes da ordem e os atores da desordem urbana. O crime reside e resiste amparado pelas íngrimes ladeiras das áreas mais pobres da cidade. A população de bem, em torno de 95% dos grupos mais pobres, é refém do crime. E reféms também daqueles que compartilham seus interesses imundos com os bandos criminosos. Assim formam uma legião de transgressores da lei e da vida humana.
A Polícia encontra-se na obrigação indeclinável de desvendar a trama sinistra. E o general Walter Braga Netto tem pela frente o desafio que lhe foi dirigido também pelos assassinos de Marielle, que parecem não levar a sério a presença das forças federais no Rio de Janeiro, sejam elas formadas por civis ou militares.
A opinião pública está à espera de uma resposta rápida e concreta.
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