Do A Região
Depois da mudança nas regras de fiscalização sanitária para a importação de cacau, no início deste ano, as indústrias processadoras estão com dificuldade para receber cargas já desembarcadas.
Há 20 dias, 15 mil toneladas importados de Gana estão “armazenadas” em caminhões no porto de Ilhéus, aguardando análise laboratorial, segundo a Associação da Indústria Processadora de Cacau (AIPC). Antes, o procedimento não era exigido.
No fim do ano passado, a Secretaria de Defesa Vegetal do Ministério da Agricultura alterou a análise de risco de pragas do cacau importado de Gana, Costa do Marfim e Indonésia, com regras de controle mais rígidas.
O objetivo é dar segurança sanitária à cadeia do cacau, para que a indústria possa importar da Costa do Marfim, após uma suspensão de 6 anos. Mas a mudança também está afetando os desembarques de Gana.
A nova análise de risco prevê que fiscais do ministério coletem amostras para análise. O único laboratório credenciado para esses testes fica no Rio Grande do Sul, distante do polo industrial baiano. Também passou a ser obrigatório o acompanhamento de fiscais no transporte da carga às indústrias e na incineração das sacarias pelas empresas.
Segundo Eduardo Bastos, presidente da AIPC, as indústrias já previam que os novos procedimentos aumentariam a burocracia. O problema é que, como a safra temporã nacional foi baixa, as empresas estão com pouca disponibilidade de cacau.
Nos desembarques de cacau em Ilhéus já foram flagrados cacau mofado, contaminado e até o corpo de um viajante clandestino da África.