A alta do dólar por seis dias consecutivos, atingindo R$ 3,77 ontem, com valorização de 1,08%, deverá impactar ainda mais os preços do combustível para o consumidor final, incluindo o de Belo Horizonte, caso a moeda continue subindo nas próximas semanas.
De acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), o preço máximo da gasolina ao consumidor em BH hoje é de R$ 4,699 e, do diesel, R$ 3,899.
Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Combustível e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque-MG), só nesta semana houve aumento aos distribuidores de aproximadamente R$ 0,08 para o litro de diesel e R$ 0,05 para a da gasolina na capital mineira –reajustes ainda não repassados ao consumidor final.
Na avaliação de José Geraldo de Castro, diretor do Sinditanque-MG, a alta do dólar levou a Petrobras a repassar o aumento de valores, nesta semana, aos distribuidores. “Nós tivemos esse aumento recentemente e, neste fim de semana, a expectativa é de novo aumento. Isso acontece porque o Brasil ainda precisa comprar petróleo, e como ele é vendido em dólar, a gente acaba prejudicado”, explica.
Para hoje está previsto novo aumento nos preços dos combustíveis repassado às refinarias. Enquanto o litro da gasolina passa de R$ 2,04 para R$ 2,06, o do diesel deve sair de R$ 2,33 para R$ 2,34. De 11 a 18 deste mês — excluindo o fim de semana — , justamente o período de alta consecutiva do dólar, houve aumento de 8% na gasolina vendida pela Petrobras aos distribuidores, passando de R$ 1,89 para R$ 2,04, enquanto o diesel sofreu um acréscimo de 4%, subindo de R$ 2,23 para R$ 2,33.
Apesar de não divulgar o balanço da compra de petróleo diariamente, apenas a cada três meses, a Petrobras importou menos petróleo no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2018, foram 82 milhões de barris por dia até março, enquanto no ano passado a importação bateu a marca de 93 milhões de barris por dia até o mesmo mês.
Por meio de nota, a Petrobras informou que “os preços cobrados por estes produtos (gasolina e diesel) não dependem exclusivamente da Petrobras, uma vez que tributos e margens de comercialização são alguns dos componente do preço final ao consumidor, incluindo as variações do dólar e as diferentes épocas em que o petróleo é adquirido pela empresa”.
Para o economista Guilherme Almeida, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG), o aumento do combustível pode chegar ao bolso do consumidor em um curto prazo, mesmo que a Petrobras tenha comprado barris de petróleo antes da alta consecutiva do dólar e ainda tenha que revender esses barris.
“Pode ser que a Petrobras tenha adquirido os barris antes da alta do dólar, sim. Mas, isso não garante que os repasses do aumento não cheguem ao consumidor. Pelo contrário, já chegaram às distribuidores e, certamente, têm grandes chances de atingir o consumidor comum porque o aumento pode ser repassado antes ou depois dessa compra. É uma praxe”, analisa o economista.
Por meio de nota, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (MinasPetro), informou que não estima o período para que determinadas baixas ou altas de impostos sobre combustíveis tenham impacto direto nas bombas.
O Sindicato justificou sua posição, argumentando que não existe tabelamento de preços no setor. “O mercado de combustíveis é livre, cada empresário define seu preço de venda, que varia de acordo com inúmeros fatores, tais como estratégias comerciais, localização, concorrência, entre outros”.