Partidos que sempre se
aliaram ao PSDB temem ser esmagados nas eleições. DEM, Solidariedade,
PRB, PTB tentam encontrar alguém com mais votos. Se não encontrarem, vão
com Alckmin mesmo. Coluna de Carlos Brickmann:
Quem tem boa posição
nas pesquisas não tem partido para sustentá-la. Quem tem partido para
sustentar uma candidatura não tem boa posição nas pesquisas. Lula tem
boa posição nas pesquisas e um partido para apoiá-lo, mas está preso.
Mesmo se for solto, não tem ficha limpa para se candidatar.
O eleitor vota em
nomes, não em partidos. É verdade: mas entrar numa campanha com tempo
reduzido de TV, consequência de atuar em partido pequeno, torna difícil
crescer nas pesquisas. Pior: sem diretórios atuantes em todo o país,
quem vigia as urnas de avançada tecnologia venezuelana?
O MDB, fortíssimo,
tem Temer, que consegue ser mais impopular do que Dilma, ou Henrique
Meirelles, que provavelmente nunca viu um pobre na vida. Bolsonaro
cresceu, trabalha bem na Internet, fascina uma parte do eleitorado; mas,
sem TV e sem líderes políticos distribuídos pelo país, que fará para
crescer até virar majoritário? Marina já mostrou, em duas eleições, que é
capaz de ganhar parte do eleitorado; e, nas duas, se mostrou incapaz de
chegar ao segundo turno. Álvaro Dias? É um bom sujeito.
Alckmin foi quatro
vezes governador, tem partido forte. Mas está mal na pesquisa. Como tem
tempo de TV, pode chegar ao segundo turno.
Já Ciro é bom de
palanque, tem carisma, só lhe falta um partido grande – como o PT. Mas o
PT, imagine!, jamais apoiou nomes de outro partido.
As variações – centro
Alckmin é presidente
do PSDB, governou seu Estado mais forte, São Paulo, foi candidato à
Presidência, chegou ao segundo turno (onde Lula o destroçou). Mas não é o
candidato dos sonhos do partido: há uma ala que prefere Doria. Partidos
que sempre se aliaram ao PSDB temem ser esmagados nas eleições. DEM,
Solidariedade, PRB, PTB tentam encontrar alguém com mais votos. Se não
encontrarem, vão com Alckmin mesmo.
As variações – centrão
Melhor do que ganhar
as eleições e ter responsabilidade de governo é ser amigo indispensável
de quem ganhou, e ter do Governo apenas aquilo que é bom e lucrativo. É a
estratégia do Centrão, comandado pelo deputado Rodrigo Maia (DEM – Rio)
e que reúne parlamentares de várias bancadas, DEM, PP, PRB e PTB, todos
loucos para oferecer sua gentil colaboração ao Governo, seja qual for, e
desde que trabalhar desinteressadamente não seja tão desinteressado
assim. Se não tiverem ninguém melhor, Alckmin. Ou, conforme o acordo,
Bolsonaro. Mas pode ser outro, se for generoso.
As variações – bolsonaristas
Há políticos
sinceramente bolsonaristas. Ele tem a imagem dura de que gostam e, ao
mesmo tempo, não seria ditador. Mas muitos bolsonaristas prefeririam um
militar – e sem perder tempo com eleições. Dariam ao novo regime sua
experiência em manobras políticas e, em troca, aceitariam cargos nos
quais pudessem servir ao país – ou, quem sabe, servir o país.
As variações – esquerda
Há a esquerda do
Contra Burguês vote 16, e de outros partidos radicais, que devem
apresentar seus candidatos em poucos segundos de TV. E há a esquerda
clássica, que tem candidatos (PCdoB, Manuela d’Ávila; PSOL, Guilherme
Boulos), mas adoraria entrar numa coligação com Lula à frente.
As variações – MDB
O MDB, há muitos anos
o maior partido do país, não tem candidato presidencial desde 1994,
quando Orestes Quércia foi derrotado. É melhor ser amigo do governante e
usufruir as vantagens dessa ligação. Meirelles e Temer não empolgam:
para o MDB é mais negócio ficar com o vencedor.
Sonho
Alckmin espera
mobilizar ao menos seu partido e, com grande tempo de TV, subir
rapidamente nas pesquisas. Espera também ser o candidato único do centro
– aquele que terá a seu lado a maioria silenciosa para derrotar os
radicais de esquerda ou de direita. Outro sonho é não ser ultrapassado,
no seu próprio partido, por um candidato como João Doria, com mais
pique.
Novo nome velho
Mas há quem tente
lançar um novo nome de centro: o de Josué Gomes da Silva, filho do
falecido vice-presidente de Lula, José Alencar. Josué diz que não é
candidato, mas já criou um nome para usar como político: Josué Alencar.
Josué seria um nome novo, mas filho de um político conservador que foi
vice de um Governo que se apresentava como esquerdista. Alckmin, atento,
já lançou a possibilidade de ter Josué como seu vice.
Essencial
Um caminho para
progredir? Depois de amanhã, às 19h, o historiador Jaime Pinsky lança na
Casa do Saber, em São Paulo, o livro “Brasil – o futuro que queremos”,
reunindo especialistas em Educação, Saúde, Economia e outros temas.
Pinsky é intelectual de peso, fundador da Editora Contexto e articulista
do site Chumbo Gordo.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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